quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Breve História do Cinema e Vídeo Experimentais

Acho que vocês vão curtir!

Desde que a maquinaria e as dificuldades técnicas no cinema foram superadas, artistas adquiriram uma denominação própria, cineastas. Criaram formas além das convencionais, (planos teatrais e romances adaptados da literatura), para se expressar. Cineastas como Buñuel, Lang, Godard, Fellini, Vidor e tantos outros que fizeram do cinema uma plataforma de vanguarda para expressar os anseios e dúvidas dos homens.
O cinema vanguardista apareceu mais firmemente na década de 60 como um movimento que rejeitava e criticava o cinema de entretenimento e a resposta da audiência a ele. Buscavam maneiras e linguagens, como um dia a literatura buscou e conseguiu. Entre as estéticas surrealistas e neo-realistas, sempre procuravam emergir movimentos sociais e políticos, descompromissados pelos regimes existentes em seus paises e de outros. De acordo com Rees “em alguns momentos históricos os artistas e os radicais sociais se encontram em conjunções cruciais. Se eles procuram por estéticas e políticas para seu contexto, os filmes vanguardistas desafiam o maior código de realismo dramático que determina significado no filme comercial de ficção.”
O movimento underground nos anos 50 queria romper as barreiras das galerias, levar arte para perto do público e quebrar com todas as regras da arte. O dadaísmo foi um dos grandes suportes desses artistas. Mas o movimento do underground floresceu mesmo na década de 60 com o grupo Lettriste de Paris.
Encararam a arte como uma forma de intervenção social. Uma vertente do grupo Lettriste se excluiu, propondo maneiras mais amplas de relações com a arte. Godard foi um de seus seguidores, após ler um manifesto no jornal atacando a sociedade do espetáculo, tudo isso feito não apenas com palavras, mas com colagens e teoria urbana. Em Viena, outra vertente, artistas mais radicais no período do pós-guerra eram hostis à acomodação da arte, mas não rejeitavam nenhum tipo de manifestação artística.
O underground na América foi basicamente introduzido pelos imigrantes europeus exilados do nazismo, como Breton, Brecht e Richter. Os artistas, em sua maioria refugiados nos Estados Unidos, uniram o vanguardismo europeu com uma nativa tradição de absorver novas idéias culturais na prematura Nova Iorque dadaísta.
Pennebaker, Leacock, Wiseman e Clarke reinventaram o cinema de documentário, se voltando diretamente para temas sociais e com um estilo não intervencionista. Em 1960, esses artistas de Nova Iorque se juntaram com outros vanguardistas independentes para formar o The New American Cinema Group:” We don´t want false, polished, slick filmes- we prefer them rough, unpolished, but alive”.
Em poucos anos, os artistas moldaram suas características conceituais (tomadas sem foco, trêmulas, passos inseguros, movimentos hesitantes, subexposição e sobre exposição), comparando com os filmes do cinema hegemônico, se tornaram tão intencionais quanto, mas claro que não na mesma escala e poder financeiro. Mais tarde, para ser a marca do filme estrutural, o cinema de “erros” apareceu nos filmes baudelarianos anticonvencionais de Jack Smith, Ron Rice e Ken Jacobs. O filme Flaming Creatures de Smith, com um olhar rápido de nudez e uma desordem orgástica geral comum, foi acusado de obscenidade.
A publicidade, não intencionada em volta da censura de Smith, levantou o perfil do underground, mas deu a ele uma involuntária reputação de mercado de exploração sexual, o que muitos artistas anti-comercias, incluindo Brakhage rejeitaram. Nesse tempo, por volta de 1970, um movimento estudantil do pós-guerra, a Millennium Film Workshop e o Film Forum mostravam regularmente filmes vanguardistas em Nova Iorque, em prestigiosos museus e galerias.
O artista que mais expressou o sentimento em uma transição física, com uma tensão romântica na feitura de seus filmes foi o profílico, poético e influente Stan Brakhage. Em seus prematuros psicodramas, sua maneira tipicamente brusca de usar a edição para deduzir, refletir, extrair metáfora do sentimento, humano o fizeram possuir um lugar único no mainstream artístico. No filme Antecipation of Night, que foi censurado em 1958, evocava um estado suicida do protagonista, que não é visto. Luz e focos difusos, repetição, tomadas agrupadas, escuridão e movimento irregular são elementos usados como forma de reproduzir o sentimento na imagem. Os filmes de Brakhage desafiam os filmes convencionais pelo seu extremo contraste com o real. Ele se centra no ato de filmar e editar. O lado objetivo de seus filmes: os ritmos, métricas, estilo de câmera, formam uma demanda descompromissada na dedução do espectador e na construção de significado. Ver um filme de vanguarda é algo muito parecido ao processo de ver uma pintura moderna.
Andy Warhol foi o principal mentor do filme de estrutura, cuja breve carreira de cineasta, também datada de 1963, e cuja arte urbana, livre e impessoal desafiou o romantismo de Brakhage. As táticas de Warhol, câmera estática, take longo e sem edição, opunha-se ao atual estilo vanguardista e evitava assinatura pessoal. Em contraste com a maioria dos filmes vanguardistas, os filmes de Warhol parodiam a busca por autenticidade e individualidade. Seus filmes exibem um misto de agressão, frescor e frieza. Ao mesmo tempo, sua câmera-olho objetiva inspirou uma virada para o aspecto material do filme. Com loop-printing, repetição e blank footage, Warhol fez trabalhos de duração extrema. Ele manipulou o tempo e questionou a aparente simplicidade do take longo. Ele adotava uma atitude de distanciamento em relação ao seu subject matter. Ele focalizava estranhos na rua, brincalhões, temas sexuais e alienação da sociedade popular.
Peter Greenaway e Derek Jarman chamaram a atenção do público nos ano 70. Ambos com formação na pintura, começaram a fazer filmes de maneira experimental, que, de certa maneira, mantém até hoje. Greenaway transformou o cinema em produção multimídia, texto, foto, animação, tecendo a imagem e a luz em colagem digital que evidentemente alude a um alto modernismo e espaço pós- cubista, como, por exemplo, no filme O Livro de Cabeceira (1966). Muitos diretores foram para Hollywood o mais rápido que puderam: Ridley Scott, Alan Parker e John Boorman, por exemplo. Em contraste, Jarman e Grennaway permaneceram contra a maré, e mantiveram o antiamericanismo como uma de suas marcas. Eles não se renderam ao comercialismo americano e permaneceram em favor do cinema como uma bela arte de superação e não como uma mera indústria de sonhos.

OXO

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